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Azul para meninos e rosa para meninas

Algumas notas sobre Cores

Já são dez anos (10 anos!) da minha vida estudando e pesquisando sobre cores. Minha pesquisa a princípio era focada no uso das cores dentro do design de interiores e não demorou muito pra eu descobrir que as regras sobre as cores estão aí para serem utilizadas…e quebradas também. Eu passei pela fase de “sofá azul não pode, é cafona, é brega” até a fase de “que sofá azul lindo! Vou comprar”. E eu ainda fico muito chocada de lembrar que a proibição de usar sofá azul veio de um dos meus professores, porque depois de tanto ler e pesquisar, a gente acaba se dando conta de que praticamente tudo é muito relativo, principalmente quando se trata de escolher cores.

Um dos questionamentos que eu me fiz quando fui escrever o primeiro post sobre quartos de bebê aqui no blog foi: por que as pessoas sempre pintam os quartos com azul para os meninos e rosa para as meninas? E bastou uma pesquisa rápida no google, comparando diferentes links, pra descobrir (assim, já dando a resposta de forma superficial) que tudo se tratou de uma campanha de marketing (mas calma, que tem História por trás disso). No post The history of pink for girls, blue for boys (em inglês), é possível ter uma noção geral de como essa imposição social surgiu e começa questionando que “em fotos de bebês do final do século XIX, os meninos e meninas usam vestidos brancos com babados – então, como os macacões rosa com “Princesa” estampado atrás se infiltram nos guarda-roupas das garotas?”. E você sabia que a regra já foi Azul para MENINAS e rosa para MENINOS?:

“O artigo do Ladies ‘Home Journal em junho de 1918 dizia: “A regra geralmente aceita é rosa para os meninos, e azul para as meninas. A razão é que o rosa, sendo uma cor mais decidida e forte, é mais adequado para o garoto, enquanto azul , que é mais delicada e doce, é mais bonita para a menina “. Outras fontes disseram que o azul era lisonjeiro para as loiras, cor-de-rosa para as morenas; ou azul era para bebês de olhos azuis, rosa para bebês de olhos castanhos.”

Já “em 1927, a revista Time publicou uma tabela mostrando as cores adequadas ao sexo para meninas e meninos de acordo com as principais lojas dos EUA.” Em meados de 1940 a regra era azul para meninos e rosa para as meninas porque assim os fabricantes de roupas decidiram optar. Roupas de bebê unissex, ou seja, com cores neutras, entraram na moda de novo nos anos 60 e 70 devido ao movimento de libertação feminina, mas em meados dos anos 80 a regra do azul e rosa voltou em decorrência do desenvolvimento de testes pré-natais, onde novamente há o objetivo de aumentar vendas definindo a cor para cada gênero. (Informações de acordo com a historiadora da Universidade de Maryland Jo B. Paoletti, autora de “Pink and Blue: Telling the Girls From the Boys in America”.)

Isso me fez lembrar de quando me foi dada a liberdade de escolher a cor das paredes do meu quarto, lá pelos meus 15 anos. Por nada no mundo eu queria cor rosa por achar que a cor rosa era símbolo de “mulherzinha”, que não me representava nem um pouco porque eu queria ser uma menina meio rockeira, forte, rebelde…mal eu sabia que “mulherzinha a gente fala quando alguém é incrível” (oi, Lara!). O que eu quero dizer é que esse simbolismo sobre essas cores é apenas uma imposição, não uma regra absoluta, até porque vimos que já foi uma regra diferente em outras épocas. Essas “regras” mudam constantemente mas elas afetam a nossa vida e eu acredito que é preciso ter muito cuidado com o que a gente adere como estilo de vida, especialmente quando não temos conhecimento da origem de tais costumes.

lara-mulherzinha

Fala da Lara, personagem de “Irmão do Jorel” no episódio 25 da 1ª temporada

Outro post interessante sobre esse assunto do jornal El País: Por que rosa é de menina e azul é de menino? E para quem quiser se aprofundar mais no estudo sobre cores eu indico o livro “A psicologia das cores: como as cores afetam a emoção e a razão“, da autora Eva Heller.

Beijos e até o próximo!

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